Projeto UFSC com as Aldeias
  • Sobre o projeto

    Publicado em 23/04/2024 às 17:27

    O que é?

    O “UFSC com as Aldeias” promove e articula iniciativas conjuntas entre os povos indígenas e a Universidade, em áreas de seu interesse, fortalecendo a autonomia desses povos e contribuindo à preservação de seu modo de vida, em respeito a seus valores e sua cultura.

    O projeto é uma ação institucional da Universidade Federal de Santa Catarina, em parceria com instituições governamentais e não governamentais, conduzida por estudantes indígenas, professores e técnicos da Universidade.

    Como atuamos?

    1. Construção coletiva, com protagonismo indígena: as iniciativas são construídas coletivamente, tendo lideranças e estudantes indígenas como protagonistas, junto com professores e técnicos da Universidade

    2. Participação indígena: As ações de extensão devem ser integradas majoritariamente por estudantes indígenas, de forma a verem ‘sentido’ na formação construída na Universidade

    3. Autonomia e autodeterminação: as ações devem promover a autonomia e autodeterminação dos povos indígenas, respeitando seus valores, inclusive o de que não têm uma relação de propriedade privada da terra, mas de pertencimento, e não estão acostumados à exploração do trabalho humano.


  • Laboratório da Universidade doa computadores para o projeto ‘UFSC com as Aldeias’

    Publicado em 20/06/2024 às 10:22

    Com o objetivo de proporcionar o acesso à informação, o Laboratório Bridge da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em parceria da Pró-Reitoria de Extensão (Proex), formalizou nesta quarta-feira, 12 de junho, a doação de seis computadores para o projeto UFSC com as Aldeias, programa que promove uma troca cultural entre os povos indígenas e a Universidade.

    Os equipamentos serão destinados à escola Laklãnõ, em José Boiteux, que atende alunos desde o Ensino Fundamental ao Ensino Médio. A pró-reitora de extensão, Olga Zigelli, explica que um dos usos dos computadores é a criação de uma sala de informática para os estudantes, pois no local há somente dois computadores para uso de professores. Além disso, cadeiras também serão disponibilizadas pelo laboratório para a escola.

    O projeto UFSC com as Aldeias é uma iniciativa que surgiu pela dificuldade de aproximação entre as atividades realizadas na Universidade e a comunidade indígena de Santa Catarina. Cristhian Pripra é um dos integrantes e líderes do projeto. Ele destaca a importância da doação aos estudantes na aldeia. “Os novos computadores farão a diferença, pois uma das ações do projeto é realizar as inscrições dos alunos no vestibular da UFSC. Assim, eles terão mais suporte e estrutura no momento da escolha”, diz Cristhian.

    Atualmente, o projeto é coordenado pelo professor do curso de Relações Internacionais Daniel Castelan. O UFSC com as Aldeias integra o serviço Conexão com a Sociedade da Proex, coordenado pelo professor Alcides Milton da Silva, do Departamento de Saúde Pública. O projeto existe desde 2022 com ações de extensão que visam a inclusão, respeito e pertencimento dos indígenas na Universidade.

    Notícia original: AGECOM <https://noticias.ufsc.br/2024/06/laboratorio-da-universidade-doa-computadores-para-o-projeto-ufsc-com-as-aldeias/>


  • Artesanato Kaigang e o respeito à natureza

    Publicado em 17/05/2024 às 09:12

    Toda quarta-feira, na feirinha, o artesão e cacique Sadraque, que também é considerado guardião da sabedoria tradicional e Ancestral do seu povo Kaigang, dedica um momento para encontrar a comunidade da UFSC e compartilhar sua cultura e conhecimento.

    Nesta quarta, o coordenador do projeto UFSC com as Aldeias, professor Daniel Ricardo Castelan, visitou o cacique para apresentá-lo ao seu amigo Gueibi, que iniciou sua caminhada de aprender com os indígenas. Lá encontraram Laura Paritintim, grande liderança estudantil indígena, que se tornou uma amiga do coordenador e do projeto.

    Cacique Sadraque recebe o professor Gueibi

    Na visita, o cacique Sadraque explicou que o artesanato tem um significado cultural muito profundo: “o artesanato ensina que é possível receber da natureza, da mãe-terra e do pai deus, o presente do alimento e da vida, sem precisar matá-la pra isso”.

    O cacique contou uma história de como seu povo Kaigang faz o artesanato: “Antes de ir colher bambu, a gente pede licença, porque é a terra que oferece o alimento, o sustento, a vida. Como uma mãe nos oferece o leite, a terra nos oferece o bambu. Com a licença da mãe terra e do pai, nosso deus, nós vamos colher. E assim em retribuição cuidamos do bambu, fertilizamos, porque é um presente e um cuidado com a gente, nos dá vida. Então nós fazemos o manejo da árvore quando colhemos e com isso ela cresce e nos oferece seus frutos”.

    Com as palavras do cacique Sadraque, os visitantes compreenderam que o artesanato mantém vivo no povo indígena um respeito muito grande pela natureza, que a preserva. Sadraque contou que a semente de Pau Brasil, que ele usa em seus colares, é colhida de uma árvore no bairro do Estreito, que ele conheceu aos 9 anos de idade, por intermédio da sua vó. Hoje ela tem 107 anos, mora no território indígena em Xanxerê. A árvore traz a lembrança da vó, então é uma amiga. Com isso, Sadraque ensina que não é preciso matar a natureza, fabricar tanto objeto, porque a natureza é um presente de quem a criou.

    Gueibi saiu encantado pelo encontro. Mostrava alegria em seu rosto. Levou um cesto para presentear sua mãe. O cacique explicou o significado do desenho no cesto: “Um dos símbolos, o Kamé, representa o sol. O outro, Kairu, representa a lua.” Sadraque explicou que no seu povo, cada família tem um símbolo – alguns são Kamé, outros são Kairu. Os casamentos nunca acontecem entre dois Kamés ou dois Kairus. O coordenador do projeto UFSC com as Aldeias, professor Daniel, compartilhou as reflexões que a conversa despertou: “se o céu tivesse dois sol, não ia ter sombra pra descansar. Sol reveza com a lua. Juntar Kamé com Kairu une as famílias, festeja a união escrevendo seus nomes no artesanato, e assim costura a paz entre as famílias e no povo”. No cesto que Gueibi comprou para sua mãe, Kamé e Kairu estão juntos. “É um cesto de amor”, riu Sadraque.

    Compartilhamos aqui o vídeo com ensinamentos do cacique Sadraque

     

    Cestos que carregam as histórias Kaigang

     



  • Amistoso de futebol reúne jovens Xokleng com a comunidade da UFSC

    Publicado em 23/04/2024 às 17:02

    Na semana de comemoração dos povos indígenas, professores, estudantes e ex-estudantes da UFSC visitaram o povo Xokleng e participaram de partida amistosa de futebol com indígenas da aldeia Coqueiro.

    O evento foi proposto pelo professor do departamento de Economia da UFSC, Gueibi Peres de Souza, que é também atleta do clube de futebol Guará, que há mais de vinte anos reúne professores, estudantes e amigos da UFSC para promover a integração através do esporte. A partida aconteceu no dia 20 de abril de 2024, na aldeia Coqueiro, na Terra Indígena Laklãnõ-Xokleng.

    A ideia de um amistoso foi realizada com o apoio do projeto UFSC com as Aldeias, do qual participa o estudante Djeimis Leoni Vomblé Patté Camlem, do povo Xokleng, e o professor Daniel Ricardo Castelan, que providenciaram a mediação entre as equipes de futebol e as lideranças da comunidade. Djeimis é um dos craques do povo Xokleng, e atualmente estuda Educação no Campo na UFSC. Junto com a estudante Suzani Gervásio, do povo Paritintim, e também Renan Zokin Morlo, Xokleng, os integrantes do projeto UFSC com as Aldeias mediaram o diálogo entre a comunidade e os atletas não-indígenas.

    A viagem também contou com a presença da professora e diretora do CCJ Carolina Medeiros Bahia, diretora do Centro de Ciências Jurídicas da UFSC e companheira de um dos atletas, o advogado e mestre em direito Fábio Maia. Também integraram a equipe o professor em linguística, Heronides Moura, que já trabalhou com povos indígenas na Amazônia, e também do egresso da UFSC Luan Fisher, além de familiares dos atletas.

    Na aldeia, os atletas foram recebidos pelo cacique da Aldeia Coqueiros, João Moklin Moconã. O cacique os convidou a participar das festividades comemorativas da semana dos povos indígenas. Ofereceu-lhes um farto almoço junto com a comunidade, em que puderam provar a bebida tradicional “Mog”. O Mog é preparado a partir da fermentação do mel e temperada com ingredientes típicos Xokleng, resultando em uma bebida fermentada, levemente adocicada e de sabor delicioso.

    A receptividade dos Xokleng, e a alegria com que receberam os visitantes, contagiou quem esteve na aldeia pela primeira vez. O jogo terminou com o placar de 4 a 1 a favor dos Xokleng, que mostraram ser craques em campo. A ação foi mais um passo em direção da aproximação entre os Xokleng e não-indígenas, neste longo trabalho de reparação das injustiças que esse povo sofreu no passado, em direção a um futuro mais justo, pacífico e harmonioso.